Muitas vezes não importa se é o muito ou o pouco tempo, a quanto tempo se convive ou o quanto se lutou, a verdade é que você tem que romper com aquilo que já não te serve mais.
O que é esse não servir mais?
Não servir mais é olhar para todas aquelas situações que como um grande padrão se repetem e se repetem até que a sua conduta, a sua atitude mas principalmente o seu modo de pensar, se comportar e de agir sejam completamente diferentes do usual, normal e esperado de você.
Na verdade não é fácil romper com os nossos padrões de pensamento que um dia aceitaram todos os tipos de desmandos em nome do amor, do que é conhecido, das convenções de família e finalmente de todos os nossos hábitos, arraigados dentro de nós, com suas raízes entranhadas no nosso subconsciente.
E quando tentamos fazer a coisa funcionar de qualquer maneira? Tentando salvar a pátria, levando relacionamentos fracassados para frente, tentando entender, compreender, melhorar, mostrar, estudar, fazer, consertar e por fim, se humilhar, se deixar de lado, engolir, calar, magoar, machucar e deixar para lá, numa tentativa fracassada de chegar a um melhor lugar no relacionamento até que em determinado momento, você simplesmente sente que está sendo subjugado, que entrou numa espiral de dominador-dominado e que você simplesmente não pode mais.
Mas nossa teimosia é tão grande, o nosso desejo de mudar o mundo, a tudo e a todos, de enganar a morte, nos transforma em Sísifo (http://www.saberepreciso.com/2013/02/o-mito-de-sisifo.html ), rolando a nossa pedra, esse peso, morro acima, exaurindo completamente as nossas forças, desistindo, largando a pedra e começando tudo de novo no dia seguinte, talvez na esperança de que o dia seguinte a história seja diferente.
Ou seja, quantos dos nossos problemas, comportamentos, mal hábitos, carregamos arduamente nos ombros, acabando com as nossas forças, sem que efetivamente abandonemos e comecemos de novo em novas bases de pensamento e ações?
Se você se apega aos seus padrões, mal hábitos, crenças e velhos pensamentos, certamente empurrar a sua pedra morro acima constantemente já sabendo que ela vai rolar ao final do dia, por você não ter mais força para continuar, mas ainda assim, começa novamente no outro dia, mantendo arraigado o padrão do mal comportamento.
Algo mudou em mim. Ainda carrego várias pedras morro acima todos os dias. Hoje eu passei a entender que eu carrego e não quero mais. Estou largando as minhas pedras. Esse é o meu primeiro passo. Entender que eu carrego pedras e que já é hora de larga-las. O segundo de desapegar desse comportamento, largar aquilo que não me pertence, mudar hábito e reforçar os meus valores e missão de vida.
Não me esforçar acima daquilo que eu posso para melhorar quem não quer ser melhorado, não correr atrás de quem não me dá valor, não deixar que pessoas más se aproximem de mim, não entrar em relações destrutivas e sair definitivamente das que já existem.
Seguir em frente. Mesmo que doa, mesmo que sangre, mesmo que você queira morrer. Talvez essa morte metafórica seja a melhor coisa a se fazer nesse momento. Sim, se deixe morrer e renasça para algo novo como a Fênix que entra em combustão e renasce de suas próprias cinzas.
Uma coisa eu aprendi. Não deixar que as pessoas abusem de palavras ruins comigo. Isso é agressão, não sinceridade. Não. Ninguém merece ser machucado, magoado, humilhado com palavras que só saem da boca para ofender. Elas sairão, com certeza, mas cabe a mim o basta e sim, tudo tem um limite. A verdade que eu não acredito nas palavras proferidas para pisar.
Na verdade acredito que pessoas que proferem essas palavras, tem uma autoestima tão baixa, se julgam tão pequenos e sem valor, que somente pisando nos outros vão assumir um posto mais alto perante à sociedade. Acredito piamente que essas pessoas não tem o mínimo de amor próprio, por isso precisam se afirmar pisando, principalmente nas pessoas que erroneamente julgam amar.
O problema na verdade nem é a ofensa das palavras, pois essas só me acertam se eu der ao outro esse poder. O problema e que eu acho muito mais grave, por trás dessa agressividade oral, existe a agressividade moral, existe a agressividade física, porque quando as palavras não forem suficientes outra forma de agressão virá à tona, para destilar a raiva e mostrar como “deve ser”.
Simples assim, só há um agressor ou um algoz, quando há uma vítima que resolve entrar no jogo doentio de poder e submissão. E eu jamais me colocarei nesse papel na minha vida.
Eu não faço para ninguém e em contrapartida não aceito. Não aceitarei. Simples.
Com certeza já magoei e magoarei as pessoas que amo, com palavras duras, com o meu jeito muitas vezes seco de ser (há quem não acredite, mas sim, posso ser bem desagradável), com o meu jeito italiano e apaixonado de ser, mas certamente, eu nunca vou diminuir ninguém, nunca machucarei deliberadamente alguém, somente para tentar me sentir melhor ou aumentar a minha autoestima.
Amo demais o ser humano para ser vil assim. Tenho valores fortíssimos de respeito e justiça (minhas forças de caráter) que me impedem de magoar deliberadamente alguém, a não ser que todas as alternativas tenham sido esgotadas e a única coisa que me restar seja a palavra. Para todas as regras há pelo menos uma exceção.
Nem tudo que achamos ser certo, é efetivamente correto fazer num relacionamento com alguém. Seja ele qual relacionamento for. Temos que parar de vomitar palavras vis mascaradas de sinceridade. Temos que melhorar como seres humanos antes de tentar se relacionar com outros.
Sinceridade não é magoar. E sabemos quando nossas palavras efetivamente magoarão, machucarão alguém. Temos inteligência, distinção de certo e errado e principalmente livre-arbítrio para usar as palavras e não, não temos esse direito. De magoar, de subjugar, de tentar pisar.
Temos que respeitar as diferenças. Quando não se respeitam essas diferenças, começam os desmandos, as diferenças, a falta de respeito, a destemperança.
Isso na minha vida, nunca foi aceito, vindo de quem quer que fosse e eu sempre fui assim.
Essa pedra eu larguei. Que venha o novo, com muito respeito, cuidado, igualdade, justiça e confiança.