Hoje era de dia de chorar. E eu não chorei.
Não chorei por tudo que perdi e pelo o que eu talvez um dia poderia ganhar. E não choro também por todas vitórias que aconteceram. Ou pelas perdas.
Queria chorar, mas não choro. Como um soldado… não choro. Somente sobrevivo.
E não acho isso bonito. Eu juro que queria chorar.
Será que já esgotei lágrimas?
E como soldado….
Ahhhhhh….Estava lá eu a pegar a medalha.
E peguei.
Eu estava sozinha muitas vezes e a medalha nem era aparente. Às vezes as medalhas não são de ouro, prata ou bronze, mas são sempre resultado de luta e dedicação.
São de vida e nem por isso são menos importantes.
Eu não sei. A vida será sempre sobre só perder ou ganhar e meu espirito se perde nisso tudo?
Chorar rios de alegria e de tristeza. De vitórias e fracassos e de tudo o que foi bom e de tudo o que decepção.
Ou colocar uma barreira? Tá tudo certo ou tudo errado?
Enfim…
Viver é um ato de coragem. Não é para todos e principalmente não é para qualquer um.
Chorar hoje por ser mulher e chorar também de alegria por não ser um homem. (e se você for um homem somente inverta a frase e ninguém aqui está para reprimir ou julgar)
Fazia muito tempo que eu não escrevia. Muito mais de um ano.
Simplesmente não conseguia e hoje entendo mais e respeito ainda mais os escritores por esse tempo de “branco total” da mente. Eu vivi isso.
Eu queria mesmo escrever.
Acredite você! De verdade eu queria!
Queria vomitar palavras, gritar e fazer “emoticons” lindos, mas elas simplesmente não saiam.
Tem um tempo de falar e tem o tempo de calar e hoje eu vejo que tudo o que saiu da minha boca com raiva sempre foi reflexo da minha amargura. E é sempre aceitar que a raiva fala, briga e faz o indesejado e isso é libertador.
Afinal se existe raiva é porque ela genuinamente existe. Como qualquer sentimento. Aceite. Viva, mas não a deixe tomar conta.
Aprendi que indignar-se com o injusto é bom. Mas a coerência é o contraponto.
E existe o tempo em que tudo estará no lugar mesmo que palavras não saiam:
“Está tudo errado mas ainda assim está tudo bem!”.
Eu estava com medo.
Bicho acuado sentindo a morte chegar e acredite: existe uma força maior que nos conecta tão fortemente a esse mundo e com a vida, que mesmo que você queira, queria muito, ela te impede de todas as maneiras de acabar com que há. Com a vida.
Sinto por aqueles que atravessaram até mesmo essa barreira gigantesca, que para mim ainda é a mais difícil de todas: abdicar da própria vida.
Sinto de verdade e se alguém falar que isso é covardia eu brigo. E muito. De verdade. Ninguém pode avaliar a dor do outro. Ninguém aqui é Deus.
Se eu estou aqui, tenho que brigar por aqueles que se foram (e defender), reverenciar suas almas porque quem nem sequer chegou perto disso, não tem o direito de falar. Existe uma força muito grande em cometer esse ato contra à vida. Isso não é covardia.
Covardia mesmo é viver a mesmice. É não lutar é achar que o calor da zona de “conforto” realmente conforta! E enaganar-se dia após e se sentir vazio noite após noite.
É não ter coragem de virar a mesa e aguentar a responsabilidade de ser quem nasceu para ser.
Calorzinho da zona de conforto só traz amor mais ou menos, trabalho mais ou menos, família mais ou menos, beijo e tesão mais ou menos.
Como eu não sou e nunca fui mais ou menos, prefiro o calor da paixão ardente e do choro descontrolado do que viver o morninho.
Morna só a minha comida porque não gosto de comida quente demais. O resto tem que ser quente e com gosto de aventura e pimenta com chocolate. De vinho tinto com gorgonzola. De agridoce, de mistura.
Tem que ser abundante. Viver é enlouquecer e voltar ao centro todos os dias.
Para poucos esse é o relato: você consegue viver assim…essa loucura…mesmo sozinho e tudo vai ficar bem, mas…
ACREDITE, fácil não é não!!! Viver é ato de coragem diário. Se acovardar não vai resolver nada.
Viver é lutar com a força da gravidade todos os minutos: ela te empurra para o chão, mas você não para de lutar. Você segura e equilibra!
Luta! Equilibra!
E sente o peso de viver!
Viver é lutar contra a gravidade!
No começo eu escrevia sobre amor, mas hoje eu escrevo sobre??
Amor, mas um outro tipo de amor.
IRONIA. Como é viver amando sem amor?
É assim: cantar alto com uma música de blues, dançar com música de criança, beber uma garrafa de vinho com pão italiano e 5 tipos de patês, e chorar quando é rejeitada por amor e ainda acreditar que ele existe, é gargalhar com os amigos, é lembrar do parto e amamentação, é lembrar do seu melhor amigo e saber que pessoas notam a sua presença mesmo que você não perceba, é chorar com o que te emociona, e se indignar com a injustiça. Amar é viver sem desistir.
Então amar é um ato de coragem! Muita coragem.
E como é viver rindo, leve, dançando, brincando, cantando alto, incomodando com a felicidade, brigando se for necessário, inquietando e principalmente indo sempre de encontro à reflexão?
Inquietude. (Essa sou eu). Interessada e apaixonada. Sou de superlativos.
A vida não é mais que um grande borbulhar da água em ebulição e quem se engana na zona de conforto não vive realmente.
E a vida evapora tão rápido quanto a água que ferve.
E é difícil! Muito difícil. Mas extremamente excitante e compensadora.
Ah! Essa vida!
Ela sempre foi difícil e desafiadora desde os tempos dos nossos mais primitivos ancestrais, então porque agora seria diferente?
Mudaram as perguntas, os desafios e as soluções. Mas a luta pela vida, continua ali.
Que ilusão de Deus a gente tem para achar que estamos vivendo tempos muitos diferentes do que eles viviam?
Viver não é fácil e não é para qualquer um. É um ato de coragem e como citou a minha terapeuta, coragem é o medo em ação.
Viver é isso!!!
Para os dias de hoje viver é abrir a porta do quarto, abrir a porta do coração, é confiar, é ter fé e ter fé meu amigo é difícil porque ter fé é acreditar em todas as possibilidades que na maioria das vezes estão contra a gente.
Mas quando foi diferente?
O nosso maior medo hoje é parecer errado ou inadequado, mas o que é ser inadequado para essa sociedade que diz que como ser humano não devo levar o que vai no meu coração.
E que coloca máscaras, e que com essas mesmas máscaras impostas nos judiam, maltratam e acabam com os nossos sonhos. E que fantasiam que tudo será fácil.
Não gente! Não é. Nunca foi, então porque agora vai ser.
Viver é um soco no estomago como diria Clarice Lispector e quem tenta aceitar a vida como é, achando que tudo isso vai acabar bem, vive uma vida difícil mas rica mesmo toda a riqueza cobrando um preço caro.
É muito difícil mesmo para quem está na linha de frente dessa batalha com fé e que vai se esforçar para desviar de 100% dos tiros ou dos nossos oponentes. Não se engane. Nessa batalha você fatalmente saíra ferido. Mas também sobrevivente.
Viver e um ato para fortes e se engana quem acha que não vai chorar e sofrer. Principalmente quem acredita que no calorzinho da zona de conforto onde está, tudo vai bem. Zona de conforto é a grande droga que faz você não pensar.
Dos nossos ancestrais mais primitivos herdamos a angustia de não saber o que viria pela frente (ou por trás), mas ainda estamos aqui sobrevivendo aos nossos novos pavores ou não tão antigos assim (novas tribos estão sempre chegando e ameaçando àquelas mais “antigas”), o amor é apavorante e as pessoas se tornaram estranhos por não viver na convenção.
Amor é algo novo e se engana quem acha que lida com essa situação. Queremos e repelimos ao mesmo tempo.
O medo de não sobreviver?
O medo!
A casa da gente é dentro do coração. Não adianta procurar no outro, na empresa, na família, na profissão ou no amor. A casa da gente vem com aquele coração pequenino que nasce para esse mundo. Que grita: de medo, pavor, liberdade e amor. Que vive e sobrevive ao primeiro respiro, ao primeiro choro. E que tem obrigatoriamente, que aprender. E que aceita esse fato.
Somos livres. Precisamos dos outros, mas não existe dependência.
Nascemos livres.
Viver é ato de coragem e se você não encontrar uma forma de sobreviver a tudo isso você será o “ Walking Dead” ou “o louco” ou “o alienado”, …[encaixe aqui o seu rótulo preferido (aquele que chamaram e você nunca aceitou)].
Poucos nessa vida tem a força e o desejo de ser quem são.
Viver é ato de fé.
Eu me aceito como eu sou. E eu não estou aqui nesse mundo para abaixar a cabeça para ninguém.
Se eu tiver que sobreviver vou sobreviver lutando de todas as formas possíveis.
Eu amo.
Choro.
Luto.
Trabalho.
Tento ser melhor.
E grito se for necessário.
Mostro os dentes.
Mas eu tenho certeza que eu estou aqui para amar.
E como eu amo!
Porque metade de mim nasceu amor e a outra sobrevive assim.
Trilha sonora para esse post:
Gravity – John Mayer
Era uma vez – Kell Smith
My fight song – Rachel Patthen
Black Bird – Beatles
93 million miles – Jason Mraz
Fix you – Cold Play